terça-feira, 3 de julho de 2012

BIDI-A QUESTÃO

A COMPAIXÃO DO CORAÇÃO E DO MENTAL

 
Rendo Graças ao autor desta imagem
 

 
A compaixão do coração, em oposição à
compaixão da cabeça e à vontade de Bem,
pode tender ao Abandono?
 
Jamais.
É impossível.
 
Porque a compaixão depende, sempre, da personalidade ou do Si.
A compaixão é exercida para com algo que é considerado como exterior.

O objeto da compaixão é uma projeção.
A compaixão conduz ao Si, mas, jamais, ao não Si, porque a compaixão, ação do Coração ou da cabeça, nada muda.

Do mesmo modo que manifestar o Amor, dar o Amor não é Ser o Amor.
Vocês projetam apenas o que falta.

O Absoluto nada falta.
E, portanto, vocês São Absoluto.

Manifestar ou exercer uma compaixão de Coração coloca-os, de maneira permanente, na ilusão, porque vocês mantêm algo de exterior: há vocês, há o outro.

E vocês manifestam uma compaixão para com uma situação, para com um ser. É justificado, enquanto vocês são dependentes da Dualidade, da Ação/Reação.

A Vontade de Bem, como a compaixão, é apenas segunda opção da dualidade, que os faz crer que vocês estão num caminho correto, mas mantém, permanentemente, a distância entre vocês e o outro.

Não há vocês.
Não há mais outro.
É uma ilusão.

Como é que algo que é manifestado na ilusão poderia conduzir a qualquer Abandono?

Quem disse isso?
Quem testemunhou isso?

Vocês São o Amor.
Vocês São a compaixão.
Mas, se vocês exercem uma compaixão, colocam uma distância: vocês não estão mais ao Centro, vocês não são Absoluto.

É claro que é preferível exercer a compaixão do que matar.
Mas nesse preferível há, sempre, uma situação na ilusão.

Uma ilusão mais agradável, mas, sempre, uma ilusão.
Nenhuma ilusão pode fazê-los aceder ao Verdadeiro, ao Real.

Enquanto vocês agem na ilusão (e eu diria, mesmo, sobretudo, se vocês são persuadidos de agir para o Bem, mesmo sem vontade de Bem), se vocês são persuadidos de que são um ser que se compadece, amoroso, caridoso, vocês não moverão um pingo da ilusão e estarão muito longe do Absoluto.

O não Ser não se importa com o Ser, qualquer que seja o Ser, o que quer que manifeste o Ser.

Um Ser que passou sobre a Terra disse: «vocês não são desse mundo».
Portanto, o que vocês exercem nesse mundo, ali colocando sua consciência, mantém vocês no mundo.

Mesmo isso é para refutar.
O mundo não tem mais legitimidade do que você, do que sua história, do que qualquer compaixão.

A compaixão é uma manifestação alterada do que você É, que o faz considerar o outro como sujeito à compaixão.

Deixe cair tudo isso.
Você não tem necessidade disso.

Não existe solução de continuidade.
Crer ou fazer crer que, porque você se compadece, vai sair desse mundo, é falso. Ou, então, seria necessário que o conjunto de sua vida fosse apenas compaixão e você estivesse na compaixão diante da formiga, como diante do elefante, como diante do inimigo.

Porque você mostraria, naquele momento, que sua compaixão não é dependente de circunstâncias ou do objeto da compaixão.

Isso jamais é o caso, é claro.
Lembre-se do que eu respondi antes: não há ponte, não há continuidade nesse sentido.

Mas, se você é Absoluto, é claro que poderá compartilhar.
Mas você não interferirá mais no mundo, no que crê, ainda, ser um outro, separado, dividido.

Como você quer ver a engrenagem enquanto tem um dedo na engrenagem, enquanto você é uma roda dela, mesmo?

A compaixão é louvável, mas louvável no sentido da moral.
No sentido espiritual, não é Absoluto.

Você deve superar isso, refutando-o, aí também.
Eu não lhe peço para ser mau, tampouco.

Eu lhe peço, simplesmente, para ver que você não é nem um, nem o outro.

É próprio do ego crer que ele vai persistir.
É próprio do efêmero fazê-lo crer que ele é eterno.
É próprio do falso fazê-lo crer que ele é verdadeiro.

Não existe qualquer satisfação que lhe abra as portas do Céu, porque não há Céu.

Não há mais Inferno.
Há apenas uma projeção, fora do Absoluto, que se crê autônoma e que crê que seja possível manter o efêmero, ao mesmo tempo voltando ao Absoluto.

Não há continuidade.
Você é o Amor.

Exprimir a compaixão é uma projeção do Amor.
Em repito: é mais agradável viver e sentir a compaixão do que outra coisa, mas, mesmo sentir isso não o conduzirá, jamais, ao Absoluto.

É mais agradável ter que fazer a uma personalidade que se compadece do que a uma personalidade paranoica.

Mas é, sempre, uma personalidade.
É, sempre, o efêmero que acompanha um saco de alimento.

Contrariamente ao que se pode imaginar, não é porque seu saco de alimento vê uma compaixão a exprimir em face de outro saco de alimento, afirmando que você vê além do saco de alimento, que você vai, realmente, crer que isso possa ser verdadeiro.

É uma ilusão.
O outro não tem mais substância do que você.

É a personalidade que quer transformar-se que fala de compaixão.
É o Si que vai falar de compaixão e de identificação aos modelos espirituais: o Cristo, Buda, Krishna, eu passo disso e dos melhores.

Mas você pode dizer-me onde estão esses profetas hoje?
Você pode dizer-me onde eu estou, sem vir a mim?
Não.

Você pode apenas projetar um ideal, uma conduta.
Mas você não é o ideal.

Você não é a conduta.
Esqueça tudo isso.

Refute tudo isso.
Você É Absoluto.

Se você fosse capaz, a cada sopro, de preencher-se desse Real, você se tornaria o que você É, com extrema rapidez.

Em lugar disso, você percorre, de vida em vida, de saco de alimento em saco de alimento, correndo junto a algo que jamais pode pegar.

É como o burro, diante do qual se colocou uma cenoura na ponta de uma vara.
Será que você compreende a imagem?

Não há burro, não há cenoura, é uma projeção.
Isso não tem existência, substância.

É inscrito em um tempo que é limitado pelo nascimento e pela morte.
O que você vai fazer de sua compaixão do outro lado?
Um passaporte?

Ele não será reconhecido

Bidi
07-05-2012

Rendo Graças às fontes deste texto:
www.autresdimensions.com
Tradução: Célia G.

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